No gráfico desta semana analisamos as dimensões culturais de Hofstede de Portugal e dos Estados Unidos e tentamos perceber como as diferenças culturais podem afetar os seus respetivos mercados.

Porque é que o mercado americano é tão mais atrativo e dinâmico do que o português? Bem, para além da diferença nas dimensões de mercado, que são óbvias, parte da resposta está na cultura de cada povo. 

O modelo de Hofstede analisa traços culturais como o individualismo, a orientação para o sucesso ou a aversão à incerteza e com a sua ajuda é possível perceber como as diferenças culturais impactam diretamente no funcionamento dos mercados.

No gráfico podemos ver que os Estados Unidos apresentam uma baixa aversão à incerteza (46) e elevada orientação para o sucesso (62), o que ajudou a criar um ecossistema favorável ao risco, à inovação e ao empreendedorismo. Esta mentalidade impulsiona a criação de novas empresas, modelos de negócio disruptivos e uma cultura empresarial agressiva, o que se reflete num mercado financeiro robusto e atrativo.

Portugal, por sua vez, apresenta uma grande aversão à incerteza (99) e baixa orientação para o sucesso (31), que tende a favorecer a estabilidade e a segurança em detrimento da inovação e espírito combativo. Para além destes fatores, uma maior distância do poder (63) também pode limitar a agilidade nas decisões empresariais. Somos um país com demasiada burocracia. Estas características culturais traduzem-se num tecido empresarial mais conservador e num mercado acionista menos vibrante, com menor capitalização, liquidez e atratividade internacional. 

Ao observar a diferença de desempenho entre os índices mais relevantes de cada país, S&P 500 e PSI, percebemos que o sucesso de um mercado vai muito para além da economia, está fortemente ligado à mentalidade coletiva e à forma como os cidadãos, no geral, reagem ao risco, inovação e crescimento.



Fonte: The Culture Factor

Autor: Direção de Wealth Management (DWM)